Despedida de Vital





Lua cheia... na choça a que se  apega,
Morre Vital, velhinho, olhando o morro...
Por prece escuta arenga do cachorro,
Ganindo nas touceiras da macega.
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Pobre amigo... agoniza sem socorro,
Chora lembrando o milho na moega...
Oitenta anos de lágrimas carrega
Na carcaça jogada ao chão sem forro.
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Suando enxerga o moço na soleira.
- "Eu sou leproso..." - Avisa em voz rasteira,
Mas diz o moço, envolto em luz dourada:
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- "Vital,eu sou Jesus! Venha comigo!..."
E o velho sai das Chagas de mendigo
Para um carro de estrelas da alvorada.
                      Cornélio Pires

Do Livro - O espírito de  Cornélio Pires
Médiuns - Francisco C. Xavier e W. Vieira