A tríplice função social do Centro Espírita - Parte III

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Templo

Em nossa viagem evolutiva precisamos de estímulos que nos façam sair dos limites da consciência normal e das influências dos hábitos do subconsciente. Isto só é possível de retirarmos o véu que impede o acesso as zonas superiores da nossa psique configuradas no superconsciente, em cujo âmago está a assinatura de Deus. Isto é possível através dos momentos de oração, em preces que pedem, agradecem e louvam, em contemplações que nos fazem perceptivos a unidade fundamental do cosmos, em meditações que nos permitem realizar a ascese espiritual do estágio humano até a percepção unificada em Deus, na busca de vivências de transcendência quando superamos  as barreiras da mente e seu modo de perceber centrado no espaço e no tempo, enfim na experiência do êxtase que nos permite adentrar com consciência o reino propriamente dito da essência.

A função social de templo nos remete ao lugar do sagrado, à experiência do numinoso, à entrada na consciência do permanente, e por conseqüência, a compreensão da sabedoria perene, do deleite no Eterno, no Absoluto, na Plenitude.

Por considerarmos a mais arrojada atividade do espírito, viver o sagrado, é essencial para dinamizar nosso processo evolutivo. Através dela fazemos conexões interdimensionais com os luminares da Verdade, do Belo, do Bem, da Justiça e gozamos   de momentos ditosos que são incomparavelmente superiores aos prazeres até então vividos em sua maioria restritos a uma consciência sensório-emocional. Ainda que não consigamos manter o clima psíquico especial sua presença sutil impregnará nossas atitudes e reorientará nosso sistema de  decisão nas questões humanas do cotidiano.

Ainda que não tenhamos alcançado a mesma desenvoltura nas práticas de templo quando comparadas ao hospital e ao educandário, o que em certo sentido nos sinaliza para nossas dificuldades em ultrapassar o humano em direção à angelitude, realizamos algumas atividades que merecem maior disseminação como as orações introdutórias nas atividades do centro espírita, os círculos de oração à distância, os encontros de práticas meditativas, estes mais raros, a leitura em grupo de textos sagrados, em especial os evangelhos canônicos, os ensaios espirituais através da arte  de qualidade transcendental, as viagens mentais ou imaginativas em direção ao nosso futuro evolutivo e os encontros com líderes espirituais desencarnados através das vivências em desdobramento espiritual ou da mediunidade que orientam a implantação das percepções espirituais elevadas na consciência humana .

Como pretendemos  ultrapassar a consciência mítica e mágica caracteristicamente pré-racional, alijamos de nossas instituições rituais que nos aprisionam nesta fase anterior do desenvolvimento psíquico.  Entretanto ainda não conseguimos ultrapassar com facilidade a nossa estabelecida racionalidade para adentrarmos o reino consciencial intuitivo-afetivo onde vigora a síntese e as experiências de fé que nos dão certeza além dos fatos, referendando o ensino de Jesus a Tomé que dizia serem bem-aventurados os que não viram e creram. Esta limitação nos priva de realizarmos  as  possibilidades entrevistas nas afirmações de que deveremos gravitar em torno de Deus ou de sermos co-criadores do Universo em união com Ele.  O exercício perseverante no templo nos facultará acessarmos a regiões inusitadas da psique e do mundo espiritual, ampliando nosso sentimento de religiosidade até alcançarmos a gênese fenomênica do Cosmos e sua causa primordial.

É evidente que o centro de saúde, o educandário e o templo só existem e realizam a sua missão a contento na medida em que preparam trabalhadores competentes para cada mister. Daí porque é essencial a adequada capacitação do voluntariado espírita em alguma instância do movimento espírita o que usualmente é uma tarefa prioritária das  chamadas atividades federativas. Há porém, que se responder algumas indagações prementes para cultivarmos o progresso do movimento espírita ao tempo que asseguramos a sua unidade substancial. Entre elas destacamos:

Quais os parâmetros utilizados para caracterizar uma atividade espírita?
Como proceder para facilitar o surgimento de trabalhadores compromissados com a cosmovisão espírita e, portanto orientando-se pelos ensinos do Evangelho, capazes de atender as demandas do centro de saúdel, do educandário e do templo?.

Como construir a melhor forma de organização institucional adequada a cada comunidade de espíritas e ao mesmo tempo unificada nos objetivos e princípios espíritas?

E como avaliar se nossas atividades estão congruentes com os objetivos espíritas e alcançam os resultados  que delineamos?

Vale ainda ressaltar que esta divisão de funções é ainda um artifício organizacional  pois elas estão entrelaçadas, formando uma totalidade organísmica, e como tal podem, até certo ponto, serem exercidas simultaneamente.

E mesmo esta descrição das funções não ilustra a totalidade da ação dos centros espíritas  pois seus profitentes podem estar realizando ações espíritas em ambientes de trabalho, nos órgãos de comunicação, em conselhos sociais  etc…

Os que acreditamos  na visão de mundo centrada no espírito e temos nosso oásis evolutivo no centro espírita e em seus órgãos de unificação do pensamento e sentimento devemos levar adiante com redobrado denodo a tarefa de semearmos no mundo esta percepção da realidade que de tão revolucionária demandará muitas transformações pessoais, coletivas e interexistenciais.

O desafio é vasto, a meta é grandiosa, a missão vista através deste prisma é entusiasmante.

Avante pois trabalhadores espíritas. O reino da bem-aventurança é o nosso destino.

Autor: André Luiz Peixinho - Presidente Feeb
Fonte: Feeb.org