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Templo
Em
nossa viagem evolutiva precisamos de estímulos que nos façam sair dos limites
da consciência normal e das influências dos hábitos do subconsciente. Isto só é
possível de retirarmos o véu que impede o acesso as zonas superiores da nossa
psique configuradas no superconsciente, em cujo âmago está a assinatura de
Deus. Isto é possível através dos momentos de oração, em preces que pedem,
agradecem e louvam, em contemplações que nos fazem perceptivos a unidade
fundamental do cosmos, em meditações que nos permitem realizar a ascese
espiritual do estágio humano até a percepção unificada em Deus, na busca de
vivências de transcendência quando superamos as barreiras da mente e seu
modo de perceber centrado no espaço e no tempo, enfim na experiência do êxtase
que nos permite adentrar com consciência o reino propriamente dito da essência.
A
função social de templo nos remete ao lugar do sagrado, à experiência do
numinoso, à entrada na consciência do permanente, e por conseqüência, a
compreensão da sabedoria perene, do deleite no Eterno, no Absoluto, na
Plenitude.
Por
considerarmos a mais arrojada atividade do espírito, viver o sagrado, é
essencial para dinamizar nosso processo evolutivo. Através dela fazemos
conexões interdimensionais com os luminares da Verdade, do Belo, do Bem, da
Justiça e gozamos de momentos ditosos que são incomparavelmente
superiores aos prazeres até então vividos em sua maioria restritos a uma
consciência sensório-emocional. Ainda que não consigamos manter o clima
psíquico especial sua presença sutil impregnará nossas atitudes e reorientará
nosso sistema de decisão nas questões humanas do cotidiano.
Ainda
que não tenhamos alcançado a mesma desenvoltura nas práticas de templo quando
comparadas ao hospital e ao educandário, o que em certo sentido nos sinaliza
para nossas dificuldades em ultrapassar o humano em direção à angelitude,
realizamos algumas atividades que merecem maior disseminação como as orações
introdutórias nas atividades do centro espírita, os círculos de oração à
distância, os encontros de práticas meditativas, estes mais raros, a leitura em
grupo de textos sagrados, em especial os evangelhos canônicos, os ensaios
espirituais através da arte de qualidade transcendental, as viagens
mentais ou imaginativas em direção ao nosso futuro evolutivo e os encontros com
líderes espirituais desencarnados através das vivências em desdobramento
espiritual ou da mediunidade que orientam a implantação das percepções
espirituais elevadas na consciência humana .
Como
pretendemos ultrapassar a consciência mítica e mágica caracteristicamente
pré-racional, alijamos de nossas instituições rituais que nos aprisionam nesta
fase anterior do desenvolvimento psíquico. Entretanto ainda não
conseguimos ultrapassar com facilidade a nossa estabelecida racionalidade para
adentrarmos o reino consciencial intuitivo-afetivo onde vigora a síntese e as
experiências de fé que nos dão certeza além dos fatos, referendando o ensino de
Jesus a Tomé que dizia serem bem-aventurados os que não viram e creram. Esta
limitação nos priva de realizarmos as possibilidades entrevistas
nas afirmações de que deveremos gravitar em torno de Deus ou de sermos
co-criadores do Universo em união com Ele. O exercício perseverante no
templo nos facultará acessarmos a regiões inusitadas da psique e do mundo
espiritual, ampliando nosso sentimento de religiosidade até alcançarmos a
gênese fenomênica do Cosmos e sua causa primordial.
É evidente que o centro de saúde,
o educandário e o templo só existem e realizam a sua missão a contento na medida
em que preparam trabalhadores competentes para cada mister. Daí porque é
essencial a adequada capacitação do voluntariado espírita em alguma instância
do movimento espírita o que usualmente é uma tarefa prioritária das
chamadas atividades federativas. Há porém, que se responder algumas
indagações prementes para cultivarmos o progresso do movimento espírita ao
tempo que asseguramos a sua unidade substancial. Entre elas destacamos:
Quais
os parâmetros utilizados para caracterizar uma atividade espírita?
Como proceder para facilitar o
surgimento de trabalhadores compromissados com a cosmovisão espírita e,
portanto orientando-se pelos ensinos do Evangelho, capazes de atender as
demandas do centro de saúdel, do educandário e do templo?.
Como
construir a melhor forma de organização institucional adequada a cada
comunidade de espíritas e ao mesmo tempo unificada nos objetivos e princípios
espíritas?
E
como avaliar se nossas atividades estão congruentes com os objetivos espíritas
e alcançam os resultados que delineamos?
Vale ainda ressaltar que esta divisão
de funções é ainda um artifício organizacional pois elas estão
entrelaçadas, formando uma totalidade organísmica, e como tal podem, até certo
ponto, serem exercidas simultaneamente.
E
mesmo esta descrição das funções não ilustra a totalidade da ação dos centros
espíritas pois seus profitentes podem estar realizando ações espíritas em
ambientes de trabalho, nos órgãos de comunicação, em conselhos sociais
etc…
Os
que acreditamos na visão de mundo centrada no espírito e temos nosso
oásis evolutivo no centro espírita e em seus órgãos de unificação do pensamento
e sentimento devemos levar adiante com redobrado denodo a tarefa de semearmos
no mundo esta percepção da realidade que de tão revolucionária demandará muitas
transformações pessoais, coletivas e interexistenciais.
O
desafio é vasto, a meta é grandiosa, a missão vista através deste prisma é
entusiasmante.
Avante
pois trabalhadores espíritas. O reino da bem-aventurança é o nosso destino.
Autor: André Luiz Peixinho - Presidente Feeb
Fonte: Feeb.org