Colombina

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Mascarada mulher o rabecão trouxera.
Morrera em pleno baile a frágil colombina,
 
E, no egrégio salão de culto à medicina,
O professor leciona, em voz veemente austera:

"-Rapazes contemplai! É rameira e menina.
Tombou ébria no vício e com certeza era
Devassa meretriz, mistura de anjo e fera,
Flor de lama e prazer, Vênus e Messalina".

Em seguida à cortar, rompe a seda sem custo,
Desnuda-lhe solene, a alva pele do busto,
Afasta indiferente, as flores de rendilha...

No entanto ao descobrir-lhe a face triste e bela,
O mestre cambaleia e chora junto dela...
Encontrara na morta a sua própria filha.

                          Júlia Cortines

Do livro: Luz no Lar
Chico Xavier
Por espíritos diversos