Felizes ou extravagantes?

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Aproximam-se os dias em que comumente dizemo-nos felizes comemorando coisa alguma. Nos dias em que nossa nação atravessa difíceis momentos em suas instituições com reflexos negativos no cotidiano, uma vez mais daremos claros sinais de discrepância da dor que sentimos com a ideia de felicidade (ou leia-se facilidade) que gostaríamos de ter.

Durante quatro, cinco ou mais dias, estaremos como possuidores de grandes recursos financeiros, de consciência tranquila, sem dores, sem dívidas. Tão logo passe o frisson e
estaremos de volta a reclamar da vida, dos governantes, instituições e do outro seja ele quem for, uma vez mais, não percebendo que somos os construtores de nós mesmos, de nossos dias e do ambiente à nossa volta.

A difícil situação nossa de não nos sentirmos responsáveis torna a vida ainda mais dolorosa e nossas decisões sempre limitadas ao reagir, quando deveríamos agir. A festa momesca não é a festa da loucura apenas pelos abusos do álcool, da droga, do sexo, mas também, por aplicarmos recursos indispensáveis para o resto do ano, para os dias seguintes, em apenas poucas horas em que impulsos egóicos e sensuais reclamam ser atendidos.

Caminhando rumo a consciência imorredoura de que nossa existência não limita-se à atual configuração carnal e de que nossos dias pósteros cobrarão de nós, ainda aqui, a posse e utilização dos recursos valiosos da vida (saúde física e psiquica), vamos impondo a nós a responsabilidade de escolhas que atendam a alma, que em meio a tanto progresso, ainda consegue ser triste e optar pelo suicídio quando não vendo em si mesmo a condição moral de superar-se.

Samuel Aguiar